Em 1992, quando foi inaugurada, a Escola Municipal Bataillard, no bairro da Mosela, foi renegada pelas três mil famílias moradoras à época. Eles não acreditavam no potencial escolar que viria, certamente, com o tempo. Ao completar neste domingo, dia 15 de agosto, 18 anos, muitos são os motivos para comemorar. Em 2010, esta unidade superou o desempenho previsto no INDEB – Índice do Desenvolvimento da Educação Brasileira. Ela já conquistou o Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar, colocando-se como a primeira no estado do Rio de Janeiro e a sexta no Brasil. Em três anos seguidos, ficou entre as três melhores escolas no Estado, ao conquistar o prêmio Qualidade Rio – ISO 9001, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços, também na categoria gestão escolar. É pioneira em Petrópolis, na instalação do projeto “Sala Verde “, do Ministério do Meio Ambiente, Unesco e Programa Fome de Livro, que equipou e forneceu livros, vídeos, CDs, DVDs relacionados ao meio ambiente, para consultas dos alunos, professores e principalmente da comunidade. Hoje, o nome da Escola já foi divulgado em mais de 31 países, através de outro projeto pioneiro: o “Postcrossing” – troca de postais traduzido para o português.
A conquista do Prêmio Nacional de Referência em Gestão Escolar rendeu a diretora Sandra Luzia Reis, há exatos 18 anos na escola - o primeiro como professora e os demais como diretora, uma viagem aos Estados Unidos para curso em gestão escolar nas cidades de Washington e Kentuchy financiado pela Embaixada Americana no Brasil. A experiência adquirida durante 20 dias no exterior, foi colocada logo em prática. A escola Bataillard evoluiu de forma estrondosa. Melhoria na disciplina e no desempenho escolar, melhoria significativa do aluno no sistema de inclusão, formação de platéias críticas e interessadas em arte e cultura, participação em diversos eventos como Mostra de Teatro, Brasil Musical, Ano do Japão no Brasil, Ano da França no Brasil, Dia do Desafio no Laboratório Nacional de Computação Científica, apresentações em diversas escolas municipais, dentre outros. Com a missão de oferecer uma educação que contribua para a formação integral do cidadão, promovendo o desenvolvimento social e cultural, coloca a Escola Municipal Bataillard como instituição pública municipal como modelo no Estado do Rio de Janeiro.
Postcrossing
O Postcrossing é um projeto baseado na internet que consiste na troca de postais entre os membros registrados. Por iniciativa da própria diretora, juntamente com a professora de inglês da Escola, Adriana Salim, este projeto foi colocado em prática no segundo semestre de 2009, aberto aos alunos do 9º ano. Os alunos aprendem todos os passos para a criação de seu próprio “ Postcrossing“. Primeiro, é necessário que o aluno se inscreva no site – www.postcrossing.com , criando o seu perfil em inglês. Esse perfil consiste no nome, endereço ( no caso da escola ) e orientação sobre o tipo de cartão que o usuário gostaria de receber. O site, de imediato, disponibiliza cinco endereços aleatórios para que a pessoa mande seus primeiros cartões. Ao receber um cartão, é necessário registrá-lo no site. Todo cartão tem um ID composto de duas letras, que representam seu país de origem e uma numeração. Esse ID é disponibilizado junto com o endereço do cartão a ser enviado e o acesso ao perfil do destinatário. Cada cartão recebido pelo destinatário e registrado no site, permite que o remetente tenha seu endereço disponibilizado. A partir daí, o aluno começa a receber os cartões. A Escola já enviou e recebeu mais de 100 cartões postais mencionando o nome da Escola e de Petrópolis em mais de 30 países. A meta para os próximos dois anos é atingir 211 países.
“ Fico feliz de te enviar este cartão postal bonitinho de Taiwan. Espero que você goste. Aproveitei para selecionar alguns selos, já que você gosta. Estou muito feliz por conhecê-la através do Postcrossing “. O texto faz parte do cartão postal que a aluna Thamilly Freitas Austin, de 14 anos, do 9º ano, recebeu de Anita Chen, que fala inglês e espanhol fluentemente, reside na cidade de Koahsiung, no sul de Taiwan. Super despachada, Thamilly já recebeu e enviou postcrossing para vários países. “ Adoro colecionar selos e tenho recebido vários através desse site. Estou conhecendo várias pessoas e praticando bastante o inglês. Além disso, estou conhecendo a cultura de vários países “, disse Thamilly que tem o maior desejo de conhecer os Estados Unidos.
Recentemente, a escola recebeu de doação um MP4. De imediato, os alunos rifaram o aparelho e reverteram o lucro, de R$ 259, em postagem no postcrossing. Segundo a professora Adriana Salim, se gasta, em média, para cada postagem, R$ 2,25 – R$ 1,00 para o cartão postal e R$ 1,25 para cada postagem (econômica), dependo do país. Esses R$ 259 possibilitaram o envio de 115 cartões. Todos os cartões, independentes de que parte do mundo venha, são escritos em inglês. O ganho dos alunos está em ler e escrever cada um dos cartões e interpretar o perfil do destinatário para quem estará enviando o seu próximo cartão, além de ampliar seu horizonte cultural. No projeto todos interagem lendo os cartões uns dos outros e se ajudam no momento de escrever e ler o perfil do destinatário.
Este ano, foi incorporado ao projeto, uma visita à Agência dos Correios e Telégrafos para conhecer suas instalações e seu funcionamento. Em função do sucesso do projeto, a diretora Sandra Luzia Reis idealizou um cartão comemorativo dos 18 anos da Escola Municipal Batailllard, que passará ser utilizado pelos alunos neste projeto. O lançamento deste cartão acontece na segunda-feira, dia 16, na própria escola. A escola pensa em criar uma campanha onde a população doe postais e selos para que o projeto alcance ainda mais os seus objetivos.
Leitura e Meio Ambiente
O estímulo a prática da leitura, outro projeto interessante da Escola Municipal Bataillard, é outro sucesso. A Sala de Leitura, com mais de três mil títulos, organizado dentro da concepção de gestão escolar implantado pela diretora Sandra, já motivou oito alunos, Jessica Cristina, Stephanie Salvador, Bruno Battar, Jéssica Vieira, Bruno Martins, Raquel Miranda, Letícia dos Santos e Ana Luzia Rodrigues a escreverem seus próprios livros. São releituras de Luiz Fernando Veríssimo, Ziraldo, Monteiro Lobato, dentre outros. Outro projeto na área ambiental, desenvolvido pelo professor Carlos Alexandre Ribeiro Duarte, coordenador do Laboratório de Educação Ambiental e Saúde da Escola Bataillard, é o “ Conhecendo a Mata Atlântica “, cujo objetivo é ampliar o conhecimento dos alunos, com respeito ao Bioma Mata Atlântica, reconhecendo sua importância biológica,social, cultural e econômica, bem como a fauna e flora.
O nome da escola é uma homenagem ao francês Eugênio Bataillard, fabricante de queijos e vinhos. Ele adquiriu em 1850, um grande pedaço de terra entre a Mosela e o Quarteirão Brasileiro. Como não tinha filhos, após a sua morte, a área passou a pertencer ao município. O Imperador Pedro II gostava de frequentar a Mosela, onde degustava os vinhos e queijos de Eugênio Bataillard. A diretora Sandra Reis, através de pesquisa, encontrou na Suiça um dos parentes de Eugênio, de nome Julius Bataillard, que atualmente é um importante produtor de vinho , que não poderia ter outro nome, a não ser Bataillard.